

Justiça argentina processa ex-presidente Alberto Fernández por suspeita de corrupção
Um juiz na Argentina ordenou, nesta quinta-feira (10), que o ex-presidente Alberto Fernández (2019-2023) seja julgado por suposta corrupção relacionada à contratação irregular de seguros para órgãos públicos durante a sua gestão.
"O [juiz Sebastián] Casanello acaba de decidir pelo indiciamento de Fernández", disse à AFP Mariana Barbitta, advogada do ex-governante.
Fernández, de 66 anos, está sendo processado pelo "delito de negociações incompatíveis com o exercício da função pública", diz um trecho da decisão citado pela imprensa argentina.
O magistrado também determinou o embargo "de bens e dinheiro [...] no montante de 14,634 bilhões de pesos", cerca de 64 milhões de reais no câmbio oficial, segundo a decisão.
O caso envolve supostas contratações de seguros para distintos órgãos do Estado através de um intermediário que recebia comissões, quando estas podiam ser feitas de forma direta pela gestão.
Segundo um decreto firmado pelo próprio Fernández, os seguros do Estado eram cobertos pela seguradora do estatal Banco Nación.
O principal corretor de seguros era o marido da ex-secretária pessoal de Fernández e as provas usadas pela acusação vieram do telefone celular dela.
O ex-presidente havia sido interrogado na sexta-feira por Casanello no âmbito da investigação e negou qualquer desvio de fundos.
Para a advogada Barbitta, "não há delito, não há superfaturamento nem direcionamento. O que houve foi uma clara tentativa de instalar suspeitas sem fundamento", segundo ela afirmou em uma entrevista à emissora Fénix 951 após o depoimento.
Além de Fernández, o corretor de seguros e a ex-secretária, cerca de 30 pessoas serão julgadas por este caso, de acordo com a decisão citada pela imprensa.
- Violência de gênero -
Durante a perícia do telefone da ex-secretária de Fernández, vieram à tona depoimentos e imagens que resultaram na denúncia por violência de gênero feita contra o ex-presidente por sua ex-parceira e mãe de um de seus filhos, Fabiola Yáñez.
Por esse caso, Fernández será julgado pelos crimes de "lesões graves" e "ameaças coercitivas".
O ex-governante sempre negou qualquer violência contra Yáñez, de 43 anos, com quem manteve uma relação de aproximadamente 10 anos e com quem teve um filho nascido em 2022.
O peronista, eleito em 2019 com a ex-presidente Cristina Kirchner como sua vice, não quis se candidatar à reeleição quatro anos depois, em meio a uma inflação descontrolada e uma impopularidade recorde.
Em 10 de dezembro de 2023, entregou o poder ao ultraliberal Javier Milei.
Kirchner, outra proeminente peronista, está cumprindo uma condenação de seis anos em prisão domiciliar por fraude relacionada a contratos de obras públicas adjudicados durante seus dois mandatos (2007-2015).
J.Klein--BP