Badische Presse - EUA deve vetar nova resolução sobre Gaza no Conselho de Segurança

EUA deve vetar nova resolução sobre Gaza no Conselho de Segurança
EUA deve vetar nova resolução sobre Gaza no Conselho de Segurança / foto: © AFP

EUA deve vetar nova resolução sobre Gaza no Conselho de Segurança

O Conselho de Segurança da ONU vota nesta quarta-feira (4) um projeto de resolução que pede um cessar-fogo e o acesso à ajuda humanitária em Gaza, uma tentativa de pressionar Israel que provavelmente receberá um novo veto dos Estados Unidos, o primeiro sob o novo governo de Donald Trump.

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O Conselho, que ficou em silêncio sobre a questão por um ano, não conseguiu chegar a um acordo desde o início da guerra entre Israel e Hamas devido ao veto dos EUA, mas também da Rússia e da China.

A última vez que tentou romper o silêncio foi em novembro, durante a administração do democrata Joe Biden, que bloqueou um texto que pedia um cessar-fogo em Gaza.

A última resolução do Conselho, de junho de 2024, apoiava um plano americano para um cessar-fogo em fases acompanhado da libertação de reféns, mas não se concretizou até janeiro de 2025.

O novo projeto de resolução, ao qual a AFP teve acesso e que será colocado em votação às 20h00 GMT (17h00 de Brasília) de quarta-feira, "exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente" e a libertação incondicional dos reféns.

Diante da "catastrófica situação humanitária" no território palestino, o documento pede a "suspensão imediata e incondicional de todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza e sua distribuição segura em grande escala e sem travas" por parte da ONU.

Espera-se que os EUA, aliado de Israel, vete a proposta que será apresentada por 10 membros do Conselho, segundo vários diplomatas.

- "Julgados pela história" -

Após mais de dois meses e meio de bloqueio, Israel começou a permitir em 19 de maio a entrada de um número limitado de caminhões da ONU em Gaza, um volume que para a organização é apenas um "conta-gotas" comparado à necessidade de alimentos, medicamentos e produtos básicos dos habitantes.

Simultaneamente, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma organização financiada de forma obscura e apoiada por Israel e Estados Unidos, estabeleceu centros de distribuição de ajuda que a ONU denunciou como contrários aos princípios humanitários.

Nos últimos dias, dezenas de pessoas foram mortas perto desses centros, que a ONU descreveu como "armadilhas mortais", pois os palestinos famintos são forçados a caminhar "entre arames farpados", cercados por guardas particulares armados.

"Vocês não podem testemunhar o ultraje no Conselho de Segurança (...) e aceitar a paralisia, vocês precisam agir", pediu o embaixador palestino da ONU, Riyad Mansour, na terça-feira, referindo-se particularmente ao poderoso discurso do secretário de assuntos humanitários da ONU, Tom Fletcher, que pediu que o "genocídio" em Gaza seja impedido.

Caso a resolução seja vetada, a pressão "recairá sobre aqueles que impedem que o Conselho de Segurança assuma suas responsabilidades", insistiu o embaixador.

"Todos seremos julgados pela história pelo que fizemos para impedir este crime contra o povo palestino", advertiu.

Israel enfrenta uma pressão internacional cada vez maior para acabar com a guerra em Gaza, que foi desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense.

H.Baumann--BP