

Israel lança ataque maciço contra o Irã, uma 'declaração de guerra' para Teerã
Israel lançou um ataque em larga escala contra o Irã nesta sexta-feira (13), bombardeando instalações nucleares e militares, assim como a capital, Teerã, em uma operação que a República Islâmica considerou uma "declaração de guerra".
Os bombardeios mataram funcionários iranianos de alto escalão, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército, o chefe da Guarda Revolucionária (o exército ideológico do Irã) e o comandante da força aeroespacial, informou Teerã.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a operação, batizada de "Leão Ascendente", atingiu "o cerne do programa de enriquecimento nuclear iraniano".
Ele também previu "várias ondas de ataques iranianos" em resposta à ofensiva, que continuará por "quantos dias forem necessários" e mobilizou 200 aviões de combate.
Após a inédita onda de bombardeios, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nomeou um novo chefe do Estado-Maior e um encarregado pela Guarda Revolucionária.
"Em breve, as portas de inferno serão abertas sobre esse regime assassino de crianças", ameaçou Mohammad Pakpour, o novo comandante da Guarda Revolucionária, em alusão a Israel.
O ataque é uma "declaração de guerra", alertou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi.
E o presidente, Masud Pezeshkian, afirmou que o "Irã fará com que o inimigo se arrependa de seu ato covarde".
As ruas de Teerã, a capital iraniana, estavam desertas, salvo pelas filas que se formaram nos postos de gasolina, algo habitual em tempos de crise.
Várias explosões sacudiram a cidade e seu subúrbio na noite desta sexta-feira, reportou a agência de notícias iraniana (IRNA).
"Por mais quanto tempo vamos viver com medo?", perguntou-se Ahmad Moadi, um aposentado de 62 anos. "Como iraniano, acredito que deve haver uma resposta contundente, uma resposta dura", a Israel, acrescentou.
O governo israelense, que declarou estado de emergência, mobilizou reservistas em todo o país "como parte dos preparativos [do Exército] de defesa e ataque", informou a força armada, que disse ter atingido cem alvos na República Islâmica.
O presidente americano, Donald Trump, instou o Irã a alcançar um acordo sobre seu programa nuclear ou se expor a ataques "ainda mais brutais", enquanto as negociações sobre esse tema entre Teerã e Washington estão paralisadas.
Os Estados Unidos, aliados de Israel, afirmaram que não participaram da ofensiva, mas Teerã disse que Washington será "responsável pelas consequências", já que a operação israelense "não conseguiria ser realizada" sem sua "coordenação" e "autorização".
- Reunião do Conselho de Segurança -
O Exército israelense afirmou ter informações que provam que Teerã está se aproximando do "ponto sem retorno" para desenvolver a bomba atômica.
Segundo a força armada, "o regime iraniano tem", além disso, "um plano concreto para destruir o Estado de Israel", que considera a República Islâmica uma ameaça existencial.
As potências ocidentais, incluindo Estados Unidos e Israel, acusam o Irã de buscar desenvolver armas nucleares, uma alegação que Teerã nega.
No fim de maio, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) indicou, em um relatório confidencial, que Teerã havia acelerado seu ritmo de produção de urânio enriquecido.
A chancelaria iraniana, no entanto, tachou o documento de "político" e acusou a agência de "se basear em fontes de informação pouco confiáveis e enganosas fornecidas" por Israel.
A agência nuclear das Nações Unidas convocará na segunda-feira uma reunião extraordinária de sua Junta de Governadores a pedido do Irã, informaram diplomatas do organismo à AFP.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá, por sua vez, em caráter de urgência às 15h (16h em Brasília), anunciou sua presidência.
Apesar dos apelos para uma desescalada, Israel lançou vários ataques contra a central nuclear de Natanz, no centro do país.
A imprensa local também reportou uma "enorme explosão" na noite desta sexta-feira (hora local) em Isfahan, cuja província abriga várias infraestruturas nucleares, como a instalação de Natanz.
As forças de defesa aérea do Irã também interceptaram "projéteis" nos céus de Teerã, indicou a agência de imprensa oficial Irna, depois de Israel prometer que manteria a pressão.
Anteriormente, três instalações militares do noroeste do país foram atacadas, segundo a televisão iraniana. Nessa região, 18 pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas, noticiou a IRNA.
A AIEA confirmou que a instalação de Natanz foi atingida, mas assegurou que não observou nenhum aumento nos níveis de radiação na região.
O Irã informou que os ataques mataram o poderoso chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o alto comandante desse exército ideológico, Gholam Ali Rashid, além de seis cientistas nucleares.
O chefe do Estado-Maior, Mohamed Bagheri, e o comandante da força aeroespacial da Guarda, Ali Hajizadeh, também morreram, segundo a televisão estatal.
- Momentos difíceis -
A vizinha Jordânia também alegou ter interceptado drones e mísseis que violaram seu espaço aéreo.
Irã, Israel, Iraque e Jordânia fecharam seus espaços aéreos.
Israel utilizará "toda sua força" para atingir seus objetivos, destacou o chefe das Forças Armadas israelenses, general Eyal Zamir.
"Haverá momentos difíceis, devemos estar preparados para a variedade de cenários que previmos", acrescentou.
Em Tel Aviv, no entanto, alguns moradores expressaram preocupação. "Estou preocupada com meus filhos, e também com o meu meio de vida, porque isso afeta o mercado. Não se pode trabalhar, não se pode fazer nada", lamentou Vered Saar em declarações à AFP.
I.Fuchs--BP