Badische Presse - Negociações de trégua em Gaza tropeçam no plano de retirada de Israel, dizem palestinos

Negociações de trégua em Gaza tropeçam no plano de retirada de Israel, dizem palestinos
Negociações de trégua em Gaza tropeçam no plano de retirada de Israel, dizem palestinos / foto: © AFP

Negociações de trégua em Gaza tropeçam no plano de retirada de Israel, dizem palestinos

As negociações indiretas entre Israel e o Hamas para chegar a um cessar-fogo na Faixa de Gaza enfrentam problemas com o plano de retirada do Exército israelense do território palestino, disseram fontes palestinas próximas às negociações à AFP neste sábado (12).

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As delegações de ambos os lados iniciaram negociações na capital do Catar, Doha, no último domingo para tentar chegar a uma trégua no conflito desencadeado pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.

Tanto o Hamas quanto Israel indicaram que dez pessoas sequestradas pelos islamistas naquele dia e que permanecem reféns em Gaza seriam libertadas se um acordo de cessar-fogo de 60 dias fosse alcançado.

No entanto, uma fonte palestina afirmou que a recusa de Israel em se retirar do território impede o progresso nas negociações, nas quais Estados Unidos, Egito e Catar são mediadores.

As negociações enfrentam "obstáculos e dificuldades complexas", disse uma das fontes palestinas à AFP, destacando a "insistência" de Israel em se ater a um mapa que prevê "manter suas forças em mais de 40% da Faixa de Gaza", um território de mais de dois milhões de habitantes devastado por mais de 21 meses de guerra.

Segundo a fonte, o objetivo de Israel é "aglomerar centenas de milhares de deslocados em uma área a oeste de Rafah, em preparação para um deslocamento forçado da população para o Egito ou outros países".

Nos últimos dias, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou que, com esta guerra, seu país busca libertar os reféns mantidos em Gaza, destruir as capacidades militares e governamentais do Hamas e expulsar o movimento islamista palestino de Gaza.

Semanas atrás, o presidente afirmou que queria assumir o controle do território palestino.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque de 7 de outubro, 49 permanecem em Gaza, 27 das quais foram declaradas mortas pelo Exército israelense.

- Alguns "avanços" -

"O Hamas exige a retirada completa das forças israelenses de todas as áreas ocupadas por Israel após 2 de março de 2025" na Faixa de Gaza, disse a outra fonte à AFP, acusando Israel de "atrasar e obstruir o acordo, a fim de continuar sua política de guerra de extermínio".

No entanto, relatou "avanços" em questões como ajuda humanitária e a troca de reféns por prisioneiros palestinos em Israel.

Antes de retornar na sexta-feira de uma visita aos Estados Unidos, onde se reuniu com o presidente Donald Trump, Netanyahu declarou estar disposto a negociar um cessar-fogo permanente em Gaza após uma possível trégua de 60 dias.

No entanto, condicionou isso ao desarmamento do Hamas e ao abandono do governo de Gaza, que controla desde 2007.

- "250 alvos terroristas" -

Enquanto isso, na Faixa de Gaza, o Exército israelense continuou a ofensiva lançada em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 14 mortos neste sábado, segundo a Defesa Civil de Gaza.

Entre os mortos estavam um homem, sua esposa e seu filho, que morreram quando sua barraca foi atingida por um bombardeio noturno no campo de deslocados de Deir al-Balah, no centro do território, disse Mahmoud Basal, porta-voz do corpo de socorristas.

O Exército israelense indicou ter "bombardeado cerca de 250 alvos terroristas" nas últimas 48 horas, em todo o território palestino.

Dadas as restrições impostas à imprensa em Gaza e as dificuldades de acesso ao local, a AFP não está em condições de verificar de forma independente as alegações feitas pelas diversas partes.

O ataque de 7 de outubro de 2023 deixou 1.219 israelenses mortos, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Pelo menos 57.823 palestinos, a maioria civis, morreram nas operações de retaliação do Exército israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

X.Pfaff--BP