Badische Presse - Líderes de esquerda se reúnem no Chile para defender multilateralismo

Líderes de esquerda se reúnem no Chile para defender multilateralismo

Líderes de esquerda se reúnem no Chile para defender multilateralismo

Os líderes de esquerda do Chile, Espanha, Brasil, Colômbia e Uruguai se reúnem nesta segunda-feira (21) em Santiago para levantar suas vozes em favor do multilateralismo diante das políticas protecionistas dos Estados Unidos e em defesa da democracia contra a desinformação e o extremismo.

Tamanho do texto:

Sob o lema "Democracia Sempre", o encontro acontece em um momento de crescentes avanços de partidos e governos de extrema direita na Europa e na América Latina. Também coincide com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas unilateralmente à maioria dos países e seguir uma política externa agressiva para resolver conflitos em todo o mundo.

"Hoje, em muitas partes do mundo, a democracia está ameaçada", disse o presidente chileno, Gabriel Boric, no início do encontro no palácio presidencial de La Moneda, que também contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; de Gustavo Petro, da Colômbia; Pedro Sánchez, da Espanha; e Yamandú Orsi, do Uruguai.

Boric denunciou "a desinformação, o extremismo de qualquer tipo, o aumento do ódio, a corrupção, a concentração de poder e uma desigualdade que mina a confiança na esfera pública e no Estado de Direito".

"Soma-se a isso a expansão do crime organizado onde o Estado é fraco", afirmou.

A reunião de Santiago também ocorre em um momento de crescente tensão entre Washington e Brasília, após Trump ter ameaçado impor tarifas de 50% em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula chamou o anúncio de "chantagem inaceitável" na quinta-feira.

Boric explicou que apresentarão propostas em três frentes: fortalecimento da democracia e do multilateralismo; enfrentamento da desinformação e do "uso malicioso da tecnologia"; e combate à desigualdade e ao extremismo.

O presidente chileno também afirmou ter conversado com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e com os primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer, e do Canadá, Mark Carney, que não puderam comparecer à reunião.

- Possível mensagem hostil -

"É valioso que governantes com certa afinidade política reafirmem seus compromissos e discutam como navegar em um mundo cada dia mais complexo e turbulento", declarou à AFP Michael Shifter, do centro de estudos Diálogo Interamericano.

Shifter advertiu, no entanto, que a reunião poderia não agradar ao presidente americano e que ele poderia ameaçar com a adoção de mais tarifas. "É razoável pensar que Trump pode considerar a reunião como uma mensagem hostil aos Estados Unidos, o que seria uma interpretação equivocada", destacou.

Após a reunião no palácio presidencial, os cinco governantes almoçarão com diversas personalidades, como o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, a filósofa americana, Susan Neiman, e a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

A jornada terminará com um encontro com organizações sociais e cidadãs.

A reunião em Santiago tem sua origem no encontro convocado por Pedro Sánchez e Lula em outubro do ano passado, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, com pedidos para enfrentar os extremismos e a desinformação nas redes sociais.

O encontro em Nova York teve as presenças dos presidentes da França, Emmanuel Macron, e do Chile, além do então primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau e do então titular do Conselho Europeu, Charles Michel, entre outros.

Boric propôs Santiago como sede da próxima reunião. Em fevereiro, Lula, Sánchez, Petro, Orsi e Boric voltaram a se reunir, mas de forma virtual.

As propostas registradas no encontro desta segunda-feira serão apresentadas em uma nova reunião que acontecerá em setembro, durante o 80º período de sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

J.Schmid--BP